Todos nós já tivemos aquele caso em que pedimos a alguém, geralmente professores ou pais, para seguir um plano/programa e eles simplesmente não o fazem. É natural se sentir frustrado e um pouco irritado quando os cuidadores não seguem nossas recomendações, afinal, somos nós que detemos a certificação, e conhecemos análise de comportamento certo? Entendemos as contingências mantendo os comportamentos, conduzimos as FBAs. Eles nos contrataram. Eles sabem que somos especialistas. Por que eles não seguem aquilo que lhes pedimos para fazer? Cuidadores como esses são o que muitos de nós chamamos de "difíceis". Se você me conhece na vida real, sabe que essa é uma das palavras que me deixa cringe: conformidade.
Conformidade é uma palavra que implica controle, autoridade. Envolve um lado determinar o que o outro lado deve fazer. Na consulta comportamental, como em qualquer outro encontro de saúde, você quer desenvolver uma parceria onde ambos os lados sejam participantes ativos no tratamento. Eu sei que não gosto quando meu médico só me diz o que fazer. Muitas vezes penso comigo mesmo "eu sei disso, mas como?". Os profissionais de saúde são frequentemente vistos, e muitas vezes se percebem, como detentores da verdade. Eles seguram a varinha mágica que consertará o que estiver errado. Na realidade, não importa quantas vezes uma médica me diga para perder peso, a menos que ela seja capaz de me envolver, para que eu possa me envolver nas mudanças que ela está sugerindo, tudo continuará igual. Na terapia comportamental, é importante envolver os participantes e certificar-se de que eles são participantes ativos em qualquer intervenção que gostaríamos que eles realizassem. Pense nisso como "modelagem", se quiser, conhecemos o cuidador no ponto em que ele está e desenvolvemos mudança de comportamento em parceria.
Também é importante olhar para o quadro geral. Os cuidadores podem ter boas razões pelas quais não estão seguindo suas recomendações. Pode interferir na rotina das outras crianças, elas podem achar que é muito complicado ou leva muito tempo. O procedimento pode estar direcionando um comportamento para o qual eles não veem a mudança como importante. Quais são as barreiras para seguir sua recomendação? O esforço é muito alto? O reforço muito pequeno?
Para estabelecer uma parceria com um cuidador, é importante ver o seu lado da história. É importante falar com eles e não para eles. Assim como fazemos questão de nos emparelhar com reforços ao trabalhar com crianças, também precisamos nos tornar reforçadores para os cuidadores.